Somos obras do Deus-poeta
No raiar rutilante da alvorada
Perquirições prementes surgiam,
Abantesmas noturnos deliam
Lépidos pela abóbada azulada.
Suspeições filosóficas exprimem
A condição pungente da existência
E, naquele momento, fugiu a crença
Que às almas defessas arrimem.
Por que desenvolver a retidão
Se neste mundo impera a hipocrisia,
A substância do Cosmo é vazia,
E a humanidade cessa em podridão?
Este arrebatamento pessimista
Era a minha razão renhida em luta,
Como o navegador o qual perscruta
O proceloso mar além da vista!...
Contudo, o caos cedeu à beatitude...
E a calmaria cerúlea eu contemplava
E minha alma, ao infindo azul, voejava...
Passarinho liberto em altitude!...
Por amor o coração se inquieta...
Agora, tudo estava cristalino,
Obras de arte, somos, do Ser divino,
A Natureza é obra do Deus-poeta.