Pedaço de papel

Um pouco de mim
daquilo que poderia ter sido,
neste pedaço de papel,
fiasco de vida
flutuante pelo céu,
quem sabe entendido.
Um pouco de papel,
resto daquela bobina,
retrata as falhas, os acertos
no olhar vago, distante
de alguma, daquela menina.
Um pouco de fé
na descrença de todos,
na incredulidade perene
que arrasta o homem à guerra,
viola os preceitos cristãos.
Um pouco de ação ao inconformismo
que ergue a mão pela paz,
o gesto harmônico
sem o perfil irônico,
tão decadente quanto o imperialismo.
Um pouco do pouco de cada coisa,
da água cristalina,
do azul, da paz, na fé
do amor ao próximo,
no respeito aos direitos do cidadão,
na certeza que a pátria é o seu teto,
seu suor e seu leito.
Um pouco de mim em todos.
De todos apenas uma palavra
cravada em mim... Deus.