O recanto da cidade sem arte

O mais confessado agora é o cansaço

No recanto da cidade sem a arte-final

Na carne fraca espalhada no calabouço

Há dor entre as cabeças despedaçadas.

Tem corpo perdido na arte amargurada

Desse tempo atoado, convidado em vão

Quem o invade, os sonhos do bom juízo

Congela, o infernizado gosto pela boca.

Na garupa coloca em ordem o infindável

Se dobra na oficina abancada na esquina

Ao lado dos “tanques” lava-se as roupas

Há medo atirado entre nuvens enevoadas.

Mas, de vera o tempo é invasivo, perverso

Traz pressa na oração mesmo sem sermão

Dá um jeito no guerreiro visto no espelho

Como se fosse um velho louco sem saúde.

A amiga do coitado teso bem no fundo do poço

Pede a alguém lá do abismo pedaço do cobertor

Sossegue o frio, aquecendo os frutos dos sonhos

Exija olhos abertos, não esqueça velhas fantasias.

O recanto da cidade ainda se mantém pitoresco

Pronta para se servir contra a paralisia das artes

A cabeça só pensa na iniquidade viciada no tempo

Ao acolher-se, o homem chora medo, fecha os olhos.

Cromeu
Enviado por Cromeu em 19/07/2020
Reeditado em 19/07/2020
Código do texto: T7010304
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