AINDA SOMOS CRIANÇAS

Crianças, ainda somos crianças,

Com cicatrizes de algumas circunstâncias,

Mas ainda somos crianças,

Que se sentem seguras em um abraço,

Tentando evitar eventual fracasso,

Simulando por fora ser guerreiro de aço,

Mas por dentro ainda crianças,

Que sonham com um lugar,

Que sinta ser um lar,

Que brinca à beira mar,

Tentando não errar,

Mas atrás de um disfarce ainda somos crianças,

Que tenta preservar a esperança,

Mesmo quando o mundo desfaz as mais fortes alianças,

E a criança sente a dor da solidão,

Calada por dentro como alguém escondido em um porão,

Tentando evitar que a janela da alma, o olhar,

Possa a criança denunciar,

A criança não dorme e não envelhece,

E de um sonho de alegria nunca se esquece,

Mesmo que seja confuso o caminho que o mundo estabelece,

A criança não pode morrer, para a alma não se envenenar,

Para mantê-la viva, não precisa as feridas evitar,

Mas permita que criança sinta e compartilhe o que os livros não podem explicar,

Que em cada ato da vida essa criança se permita ao amar,

Para que, se um dia a criança cair, ela possa se levantar e continuar.