Fuga
Sair enquanto há tempo.
Rasgar nossas roupas,
Pular as janelas.
Quebrar os espelhos
E nos deixar atingir pelos estilhaços,
Na tentativa de suportar a noite que cai pesada.
Rasgar o peito no meio da rua
E deixar pulsar, exposto,
Depois recuperar o fôlego na calçada.
Agarrar-nos à dor
E nos permitir senti-la por completo,
Até que pare de arder.
Desconstruir-nos,
Espalhar nossas partes mais imundas
Por cada beco da cidade.
Dançar com nossos medos
Até que eles nos devolvam
A esperança que nos trouxe até aqui.
Recompor-nos,
Reencontrar-nos com a paz na esquina de casa.
Na madrugada, exaustos e entregues,
Buscar pela sanidade em meio a esse delírio.
Você me acompanha nessa noite?
Voa comigo?