O poeta em busca

Sem mais
me surgiu isso:
pelo quê a vida valeu a pena?
E lá me vou,
embrenho-me floresta adentro
farejando os “quês”
que justificam a beleza,
a bondade e a verdade
do ato sublime
do estar vivo.
 
Pelo quê a vida valeu a pena?
 
Pelo copo d’água,
dado ou recebido,
pelas dores de parto,
pelos funerais,
por uma amizade,
que até hoje me surpreende,
pelas coisas que não tive quando criança,
por um único dia de chuva,
por causa de um beijo e de um olhar
e por causa desta foto
em que a vida se prostra.
 
A vida é um madeiro,
sempre vivo.