Pluralidade Transviada
Tão bom seria se pudéssemos ser quem somos
Tão bom seria se pudéssemos ser reais, patronos
Carne e osso
Pele e Alma
Da carcaça donos.
Uma trama tão bem costurada
Que hoje desfiada, desalinhada
Se dissolve em rasgos, mulambos
Expondo os corpos, os danos
Profundas cicatrizes, rombos
Invisíveis aos cegos não empáticos.
Nesta era de incertezas, temos cada vez mais certezas
Do que não podemos mais aceitar
Do que não devemos mais tolerar
Da hipocrisia lavada em cara limpa
De mentiras contadas em várias línguas.
Conectados ao mundo, desconectados de si
As discussões de hoje são mudanças atrasadas
Os protestos de ontem continuam entre madrugadas
Bandeiras, cartazes, piquetes
Bombas, reportagens, porretes.
A verdade é tratada com austeridade
A palavra se propaga no ar, visceral
E os governos, muitos, defendem inverdades
E tudo ainda soa como teoria, relatividade.
Na prática temos o dever de nos posicionar
Na teoria temos o direito de viver, de usufruir
Na soma, de um com o outro, o resultado é desigualdade
Na soma, no sinal de igual, igualdade não há.
Liberdade, igualdade, fraternidade
Outra revolução, um déjà-vu?
O tempo avança descontroladamente lento
Para quem não tem tempo de permitir-se inexistir.
As ruas tem cores,
Preto, marrom e rosa
E nos becos, as vezes saídas
Permita-nos redefinir o mapa, a história
Da vida em preto e branco
Um arco-íris atemporal.
Ressignificar e continuar
Resistência e sobrevivência
Unidas intrinsecamente em consciência.