Pluralidade Transviada

Tão bom seria se pudéssemos ser quem somos

Tão bom seria se pudéssemos ser reais, patronos

Carne e osso

Pele e Alma

Da carcaça donos.

Uma trama tão bem costurada

Que hoje desfiada, desalinhada

Se dissolve em rasgos, mulambos

Expondo os corpos, os danos

Profundas cicatrizes, rombos

Invisíveis aos cegos não empáticos.

Nesta era de incertezas, temos cada vez mais certezas

Do que não podemos mais aceitar

Do que não devemos mais tolerar

Da hipocrisia lavada em cara limpa

De mentiras contadas em várias línguas.

Conectados ao mundo, desconectados de si

As discussões de hoje são mudanças atrasadas

Os protestos de ontem continuam entre madrugadas

Bandeiras, cartazes, piquetes

Bombas, reportagens, porretes.

A verdade é tratada com austeridade

A palavra se propaga no ar, visceral

E os governos, muitos, defendem inverdades

E tudo ainda soa como teoria, relatividade.

Na prática temos o dever de nos posicionar

Na teoria temos o direito de viver, de usufruir

Na soma, de um com o outro, o resultado é desigualdade

Na soma, no sinal de igual, igualdade não há.

Liberdade, igualdade, fraternidade

Outra revolução, um déjà-vu?

O tempo avança descontroladamente lento

Para quem não tem tempo de permitir-se inexistir.

As ruas tem cores,

Preto, marrom e rosa

E nos becos, as vezes saídas

Permita-nos redefinir o mapa, a história

Da vida em preto e branco

Um arco-íris atemporal.

Ressignificar e continuar

Resistência e sobrevivência

Unidas intrinsecamente em consciência.

Flavio Marcondes
Enviado por Flavio Marcondes em 20/06/2020
Reeditado em 20/06/2020
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