"Dia dos Finados"

"...Flores para este mundo escroto, morto vazio.

Para esta gente covarde que esgueira sempre à espreita, a margem, sob o meio-fio.

Flores para estes que já estão mortos e nem sequer se deram conta.

Flores para os pobres de espírito, aos que vivem nos esgotos da vida.

Saudemos os espíritos de porco, para eles sim, toda honra, na lama.

Na cama quero os meus, as minhas.

De resto é festejar, estes que nada tem a nos dar a não ser desgosto.

Vamos comemorar esta gente que nem existe e precisam de nós para serem lembradas!

Saudemos a estes mortos, vamos lhes conceder os cinco minutos que lhes cabem neste latifúndio.

Viva os maus!

Pois os bons não precisam de saudações e nem o bem de comemoração.

Estes tem seu espaço e seu lugar eterno.

Que possamos uma vez no ano comemorar os escrotos!

Um dia pra ficar na história.

Um dia que são lembrados como são, sem maquiagem ou máscaras.

Dia que lavamos flores ao seus leitos de vida, enquanto mortos viventes.

Hurra aos escrotos!

Que as flores murchem em suas vidas túmulo..."

("Dia dos Finados", by Carlos Ventura)

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