Efeitos do isolamento
A veia na têmpora, saltitando inquieta
A ânsia e a azia
Juntamente com a hipertermia
Bagunçaram o meu sistema de tal forma
Que me tornou insolente
Até mesmo na frente do mais infeliz indivíduo.
O peito palpitando, como “Griot”
E a minha glote fechou-se, de súbito
A boca secou e
A mão estremeceu, alienada ao resto do corpo.
O martelo, a bigorna e o estribo
Juntaram-se em uma única melodia
Para compor um refrão que me rasgou a vida
Em forma de tiro.
Fui apagado
Dentro do âmago da amargura
Sendo amaldiçoado pelo espelho
Que refletia a minha caricatura.
Quantas assonâncias eu cuspo
Para tentar explicar-lhes
O inexplicável
Vejamos:
Entre a maldade da ansiedade e
A solidão da depressão
Há uma perversidade, pelas ruas da cidade
É um monstro, sem rosto e sem coração.
Quanta aliteração
Terei que colocar em minha literatura
Para que vejam em meu coração
Quanta magoa me tortura
Vejamos:
A principal patologia psíquica presente em meu poema
É a peste que me persegue pelas paredes e persianas
De meu pensamento.
Ilustríssimo Carlos
A vida parou
E o automóvel também
São tempos sombrios de pandemia.
Espero que a alma de vocês
Esteja na mesma residência que seus corpos
A minha, abandonou-me
Deve estar em alguma aglomeração clandestina.