SONHO SECO DA SECA DO SERTÃO
A fome ronda a mesa, devora a angústia
Não ter futuro são as sobras da seca
Político é ator que mente, rouba e peca
Não se importa com a luta do pão do dia
No sertão, o sol incendeia as esperanças
A ingratidão e a intolerância são prisões
A morte leva os anjinhos em sua dança
A suprema música é que serpenteiam os trovões
A chuva é a paisagem-lã dos sonhos
Pois a terra é engilhada como a testa do plantador
A mulher remói a fé num rosário tristonho
Remói as palavras, a farinha, a dor
A seca secou o soco do bravo desbravador
E o desespero sangra e se prolifera como um tumor...