SONHO SECO DA SECA DO SERTÃO

A fome ronda a mesa, devora a angústia

Não ter futuro são as sobras da seca

Político é ator que mente, rouba e peca

Não se importa com a luta do pão do dia

No sertão, o sol incendeia as esperanças

A ingratidão e a intolerância são prisões

A morte leva os anjinhos em sua dança

A suprema música é que serpenteiam os trovões

A chuva é a paisagem-lã dos sonhos

Pois a terra é engilhada como a testa do plantador

A mulher remói a fé num rosário tristonho

Remói as palavras, a farinha, a dor

A seca secou o soco do bravo desbravador

E o desespero sangra e se prolifera como um tumor...

Audsandro do Nascimento Oliveira
Enviado por Audsandro do Nascimento Oliveira em 10/06/2020
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