UMA NOITE DE REENCONTROS

Então, eu nem sei se quero começar dessa forma

Ou se estamos falando mesmo de um recomeço.

Sei apenas que as coisas vão acontecendo,

enquanto estamos preocupados com um final que

ainda nem inventamos.

Hoje foi um daqueles dias em que eu só pensei num cigarro,

vento na cara, cabelos bagunçados e uma certa dose de tristeza,

para deixar as coisas em seus devidos lugares.

Hoje eu pensei em tudo e fiquei apenas parado, olhando...

Esperando que, a qualquer instante, uma centelha de pensamento

queimasse tudo:

carne, mente e espírito.

Pensei em existir de novo.

Pensei em desistir mais uma vez...

Existir é tão mais fácil do que se sentir completo.

Essa é a dúvida que vela meu sono todos os dias.

Parte dele, parte de mim, pequenas partes inventadas.

Tudo agora parece tão inocente e calado,

não encontro a palavra que não existe,

Mas sou eu, agora, que tento, mais uma vez,

Existir de novo.

Mais uma vez, existir, eu penso...

Isso é o que encontrei por agora,

depois de tanto tempo esquecendo e largando.

Deixe-me ficar só, com essas palavras,

porque estamos falando apenas de um começo,

já que eu nem sei bem se falávamos de um recomeço para tudo.

Para tudo existir de novo, eu vou, mais uma vez,

esperar em palavras, palavrear em encantos,

encantar-me de ausências, ausentar-me do teu pranto

E perder-me, de uma só vez, nessa tentativa meio louca

De existir, até a hora de, mais uma vez,

Reencontrar.