Décadence
Há conforto no amor
e também na tristeza.
Sinto falta dos dois.
A indiferença corrói seu portador.
Me pergunto se existe
gente com esse mesmo mal costume
de escrever o que sente
sendo tão apático e inexpressivo
com tudo e todos ao redor.
Seguro a caneca de cerveja em uma mão
e escrevo o que chamo
de poesia com a outra
quase achando graça
desse malabares sem sorte.
Acho que consigo esconder bem
a paixão, o ódio, a melancolia entranhada, a alegria...
mas, mesmo estando de máscara,
quem me vê atravessando a avenida
ou pacientemente inerte na fila do pão,
pode testemunhar os meus olhos
cheios de engano e esperança,
como um cão desgastado
que espera
nos portões de um cemitério,
o dono que não vai mais voltar.