Há coisas
Há coisas que não devem ser ditas
Apenas, em despudor, sentidas
E tidas sem qualquer margem de esforço
Ou alguma espécie derivada da dor
Para olhar, para cuidar
Do que se vê, do que se toca
Transpassando o que se pode prever
Como distorcida justificativa
De precaução mirabolante
No mais sincero acolhimento habitante
Em certa medida, ainda que comedida
Por isso, só apareça se realmente quiser
Só me escreva se desejar me ler
Letra por letra, sílaba por sílaba
Nós não precisamos de nada além disso
Sentimento é dado para construir moinho
Sobre o que se mexe e reconfigura
No interior pulsante do próprio ser
Só me abrace se tiver vontade
Somente me beije se for o pedido último
O amor não se cega à vaidade
Mas, repudia egoísmo a ledo engano
Não se esconda, por entre suas manias
Sacanas e um tanto inconsequentes
Se for para, em mim, você caber
Olho, com atenção, e peço que fique
Se alcançar meu olhar for trabalho árduo
Não vejo o porquê de estar
Afaste-se para sempre.