De longe

de longe o tempo era pouco

e o agora que queríamos muito

de longe se admira

e o resto vira confusão mental

de longe se pede pra dar certo

e nada se sustenta

de longe um sorriso perfeito

e de lá um bazar com seus jeitos

de longe seus dedos por dentro

e de noite a boca atrapalha

de longe o trem solta fumaça

e aqui a chuva inunda

de longe os quatro elementos

e do nada nos resta apenas água

de longe o suporte interno apenas osso

e a carne não mais se meche

de longe a serenata na janela

e o previsível formato do erro

de longe o canto

e um corpo morto por um tempo

de longe tudo é inútil

de longe somos um erro

de longe habita-se em silêncio

de longe remendos do que não é dito

de longe a última estrela que brilha

de longe o que o sol causa as flores

constroi-se barreiras ao lado do mar

e choros do nada.

Izaura Geríz

Izaura Geríz
Enviado por Izaura Geríz em 18/05/2020
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