De longe
de longe o tempo era pouco
e o agora que queríamos muito
de longe se admira
e o resto vira confusão mental
de longe se pede pra dar certo
e nada se sustenta
de longe um sorriso perfeito
e de lá um bazar com seus jeitos
de longe seus dedos por dentro
e de noite a boca atrapalha
de longe o trem solta fumaça
e aqui a chuva inunda
de longe os quatro elementos
e do nada nos resta apenas água
de longe o suporte interno apenas osso
e a carne não mais se meche
de longe a serenata na janela
e o previsível formato do erro
de longe o canto
e um corpo morto por um tempo
de longe tudo é inútil
de longe somos um erro
de longe habita-se em silêncio
de longe remendos do que não é dito
de longe a última estrela que brilha
de longe o que o sol causa as flores
constroi-se barreiras ao lado do mar
e choros do nada.
Izaura Geríz