Toupeiras
o buraco onde enfiaram
o corpo de cabeça
qual toupeira cega ficaram
sem ver ou sentir esperança
silêncio no escuro profundo
esconde o medo surpreso
onde costelas são grades
dos sentidos das graves
aspirações de justiça
esquecidas em falsas
falas, presas dentro do peito
no buraco já feito
neste meio que não estou
toupeiras outras estão
cegas a cavar, devastação
e no espaço, luz chegou!
poucos viram o novo mundo
no sujo buraco esconderam
tristeza estranha imunda
onde a luz, eles negavam
toupeiras são mesmo cegas
feitas para cavar buracos
onde há vidas em trevas
sem a vela clara dos barcos
nas velas estão escritos
os mandamentos da vida
onde olhos bem abertos
entendem a história escrita
há quem feche os olhos
e nunca deixam o buraco
felizmente em Abrolhos
abro as velas do meu barco
navego por este mundo
vejo gente e natureza
de infinita beleza
e a toupeira no buraco
Alberto Daflon