Sutilidade do cotidiano

Hoje não arrumei a cama

E ao voltar ao meu lar

Senti aquela sensação de liberdade

De não estar preso ao rito [cotidiano].

Isso me fez renascer.

Nunca mais serei o mesmo

Depois deste dia

Porque hoje não arrumei minha cama.

Minha vida reorganizou-se:

Sou outro (a cama também é outra, mas não sabe disso).

Até então minha cama era minha regra.

A partir de agora sei que ferir normas não afeta princípios.

Ela continua ali, desarrumada

E se fosse diferente

Este poema não existiria.

O que mais preciso desarrumar

Para tornar-me outro

Sem perder os princípios

E sem deixar de ser eu mesmo?