Um livro pra socar o estômago!
Abro o livro e ele me soca o estômago.
Me arrasta pelos cabelos para montanhas e
Cavernas.
Lá converso com bichos que me aconselham,
Então rasgo suas páginas e como suas letras:
Tomo em sopa de letrinhas.
Queria um sentido para a vida,
Então uma serpente morde meu pescoço,
Talvez seja a mesma da maçã,
Mas como Deus está morto, não serei expulso do meu paraíso nudista.
Ainda sim, Ele deixou para mim todos os meus pecados que me confundem sobre o bem e o mal, como disse o espírito da gravidade.
Como poderei ser um espírito livre então,
Se o cadáver em meus ombros me sufoca com seu fedor?
Terei que atravessar desertos e beber meu sangue antes que a terra cesse sua sede com meus glóbulos vermelhos e brancos.
Venho de dias longos e noites profundas.
Bebi em copos sujos acompanhado por putas.
Ouvi os cânticos desafinados dos andarilhos da madrugada.
Sorri e gargalhei das mais profanas piadas
Mas pisei de passos leves pra não acordar os dias, que surgiram de qualquer forma, me trazendo à tona a careta realidade.
Mesmo em ressacas homéricas,
Depois de delirantes noites
Nos botecos da cidade.
Sésamo 28.04.2020