Poética glicêmica

nunca serviu ao cinto graúdo de couro gasto do pai virar poesia

ao contrário das pétalas macias de gerânios – ouça só o som agridoce

dos gerânios

certas coisas se querem cegas e mudas na mineralidade do mundo

o soco sujo, a roupa em trapo, a ofensa que escapa de todo senso

e se prende como as fissuras na parede da casa

que justiça há em eternizar a sonoridade ululante do amor eterno enquanto mil rasgos se perpetram como um Ônix 1.0 a frear em asfalto velho

muito mais eterno que o som das ondas do mar

do adjetivo dourado ou do elétrico olhar dos amantes

foi a cor do pano como se desfazendo da perna do tio

que se recusava a comer direito

e não rimava nada com diabetes.

J Sant Ana
Enviado por J Sant Ana em 26/04/2020
Código do texto: T6929225
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