Poética glicêmica
nunca serviu ao cinto graúdo de couro gasto do pai virar poesia
ao contrário das pétalas macias de gerânios – ouça só o som agridoce
dos gerânios
certas coisas se querem cegas e mudas na mineralidade do mundo
o soco sujo, a roupa em trapo, a ofensa que escapa de todo senso
e se prende como as fissuras na parede da casa
que justiça há em eternizar a sonoridade ululante do amor eterno enquanto mil rasgos se perpetram como um Ônix 1.0 a frear em asfalto velho
muito mais eterno que o som das ondas do mar
do adjetivo dourado ou do elétrico olhar dos amantes
foi a cor do pano como se desfazendo da perna do tio
que se recusava a comer direito
e não rimava nada com diabetes.