SANGRENTO COTIDIANO
A violência me abraça com suas armas e drogas
Ela me estupra com seus desvios de verbos
Ela é perfumada nos altos escalões do governo
Invade minha intimidade, devassa meu lar
Se xingo, perco a razão, sou egoísta
É que a violência também ferve no meu sangue
Como fogo que invade a alma pacata
E me transforma em vingança, o ódio, ganância
Somos todos soldados lutando pela sobrevivência
Fechando portas e janelas para o pedinte faminto
Como vermes, sugamos os defuntos com pensões
Estamos numa guerra, onde os fortes tem prazer
E dos miseráveis é tirado até o que não se tem
A violência explode em nós pelo menos uma vez por dia como uma refeição