O RELÓGIO DAS ALMAS E DOS CORPOS

O tempo é feroz assassino/ Destrói a esperança da gente

Faz do velho irritado o menino/ De viúva esnobe, a moça carente

Muda os ideais do nosso orgulho/ Transforma em guerra, a paz do viver

Embaralha os sentimentos no escuro/ Faz do desespero o que era prazer

Dá bengalas ao engatinhar do bebê/ Dá sono a um dia corrido

Dá orvalhos a um temporal de morrer/ Dá sol a um cego perdido

Traz choro a uma festa de risos/ Traz flores a um cemitério covarde

Traz verdades aos tolos indecisos/ Faz cedo o que fora já mui tarde

O tempo também concilia/ Aproxima inimigos de morte

Une extremos: a noite e o dia/ Cura as dores sangradas do corte

É um elo que liga mil mundos/ Misturando tudo e todos num nó

É o pai dos sentimentos profundos/ faz da vida e da morte um só.

Audsandro do Nascimento Oliveira
Enviado por Audsandro do Nascimento Oliveira em 16/04/2020
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