INTERROGAÇÃO
Juliana Valis



Poderíamos dizer infinitos sonhos sem rumo,

Poderíamos fugir dos pesadelos em vida,

E talvez ficássemos como o verso que arrumo

No próprio inverso que o tempo elucida...



Poderíamos rir, amigos, ao relento de nós,

Divagando, sós, entre estrelas cadentes,

Na dimensão insigne do amor veloz

Que o coração consigne já em nossas mentes...



E, assim, sentiríamos o passar da horas

Como um mar que implora a imensidão da vida,

Não choraríamos as tantas vis demoras

Desse mundo injusto, em cada breve lida...



Mas como é frágil essa existência leve !

E como pesa a contradição das dores

Em cada página que a vida escreve,

Como labirintos tão sós de amores

Que o coração, em cada trecho breve,

Desenha em nós uma interrogação.



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