Meu túmulo

Meu Túmulo

repousei no berço frio do silêncio

ouvindo ecoar ao norte o choro das sombras

senti que o tempo havia pausado

meu corpo gelado, ali enterrado

como se o fim fosse adiantado

era o momento errado

tentei retroceder o relógio

mas ele havia quebrado

tentei me mexer, nada

tentei gritar, nenhum som

o sol havia me deixado

aquele homem parecia bom

mas com ele repousava o desejo do diabo

E antes que pudesse revidar

Era fim, tinha acabado

minha alma do meu corpo descolado

E saiu batendo assas por ai

No dia seguinte todos saberiam a verdade

a dor e a crueldade

com a qual eu parti

Diante da minha habilidade

de disfarçar a escuridão

me vi questionando a mim mesma

o quanto valia o perdão

não me restava mais nada

todos que amei se foram

e eu me guardei ali, só

esperando o invejado tempo

me transformar em pó

relembrando os momentos

os que havia de ter feito melhor

os disperdissei desatenta

em meu peito se fez um nó

nunca chegaria aos 50

nunca seria avó

nunca veria meu rosto de novo

nunca , nunca mais

um dia seria esquecida

uma voz me sussurrava

dali não havia saída

mas a ferida nunca cicatrizava

mergulhada em ódio

tentei me fazer de forte

fugi de mim toda a vida

me encontrei na morte

Grécia
Enviado por Grécia em 08/04/2020
Código do texto: T6910673
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