Meu túmulo
Meu Túmulo
repousei no berço frio do silêncio
ouvindo ecoar ao norte o choro das sombras
senti que o tempo havia pausado
meu corpo gelado, ali enterrado
como se o fim fosse adiantado
era o momento errado
tentei retroceder o relógio
mas ele havia quebrado
tentei me mexer, nada
tentei gritar, nenhum som
o sol havia me deixado
aquele homem parecia bom
mas com ele repousava o desejo do diabo
E antes que pudesse revidar
Era fim, tinha acabado
minha alma do meu corpo descolado
E saiu batendo assas por ai
No dia seguinte todos saberiam a verdade
a dor e a crueldade
com a qual eu parti
Diante da minha habilidade
de disfarçar a escuridão
me vi questionando a mim mesma
o quanto valia o perdão
não me restava mais nada
todos que amei se foram
e eu me guardei ali, só
esperando o invejado tempo
me transformar em pó
relembrando os momentos
os que havia de ter feito melhor
os disperdissei desatenta
em meu peito se fez um nó
nunca chegaria aos 50
nunca seria avó
nunca veria meu rosto de novo
nunca , nunca mais
um dia seria esquecida
uma voz me sussurrava
dali não havia saída
mas a ferida nunca cicatrizava
mergulhada em ódio
tentei me fazer de forte
fugi de mim toda a vida
me encontrei na morte