O PALADAR
A língua vira enigmas nos ouvidos
Ela se contorce como serpente de rastros perdidos
A língua pode matar, suicidar, namorar
É chama vermelha da alma a sangrar
Ela sangra sentimentos, pedras, caminhos
É guia de cegos, de sombras e pode ser espinho
Ela chama o amigo de traidor e o traidor de amigo
Ela se confunde, imensa montanha-russa de perigos
A língua é um espelho da lágrima e da espada
É a humilhação do escravo e a magia da fada
É responsável pelas guerras e pelos nascimentos
É saliva de oceanos de ideias e seus lamentos
É corda de veias que pode enforcar o falante
É o selo do amor na boca dos amantes