O PALADAR

A língua vira enigmas nos ouvidos

Ela se contorce como serpente de rastros perdidos

A língua pode matar, suicidar, namorar

É chama vermelha da alma a sangrar

Ela sangra sentimentos, pedras, caminhos

É guia de cegos, de sombras e pode ser espinho

Ela chama o amigo de traidor e o traidor de amigo

Ela se confunde, imensa montanha-russa de perigos

A língua é um espelho da lágrima e da espada

É a humilhação do escravo e a magia da fada

É responsável pelas guerras e pelos nascimentos

É saliva de oceanos de ideias e seus lamentos

É corda de veias que pode enforcar o falante

É o selo do amor na boca dos amantes

Audsandro do Nascimento Oliveira
Enviado por Audsandro do Nascimento Oliveira em 05/04/2020
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