A VERDADE QUE EU QUERO
1-
Eu não quero a meia-verdade
Que só almeja agradar a todos
E massageia os egos feridos em sua vaidade.
Eu quero a verdade integral
Que precisa às vezes ferir
Para poder curar as enfermidades
Até nas profundezas da alma;
E a verdade que nos torna contritos e sóbrios
Para nos abençoar com seus sábios ensinos.
Eu quero a verdade que me ajuda
A reconhecer a minha fraqueza,
Pois ela há de me guiar no discernimento
Que tornar-me-à forte e valente para vencer
Os véus do engano mais sorrateiro.
É preferível viver na verdade que me agride
Do que na meia-verdade que me bajula;
Na verdade que dolorosamente me aperfeiçoa,
Do que na insuficiente verdade que só me protege.
2-
Eu não quero a verdade com remendo,
A verdade acessível àqueles que querem
Ver o que apenas lhes convém
Para aflorar os prazeres dos sentidos.
Eu quero a verdade que angustia o coração;
A verdade que faz a minha fé se elevar;
A verdade que faz a minh'alma temer e tremer;
E a verdade quebrantadora que me aflige com amor.
Eu não quero a verdade que faz uma aliança
Com a mentira para me propiciar
Uma zona de conforto ilusória e perigosa
E uma realidade adulterada e prostituída
Que faz a minha vida ser aparentemente apreciável.
Eu quero unicamente a refulgente verdade
No seu poder para derrubar os muros de alienação
E que é invencível para iluminar a escuridão do meu ser.
Eu não quero a verdade rala e empobrecida,
A verdade sem aquele conteúdo nutritivo
Que pode tão bem me transformar.
Eu quero a verdade que não irá desamparar
As minhas expectativas a longo prazo;
Eu quero a verdade que me redime das minhas mazelas;
Eu quero, pois, tão somente aquela singela verdade
Que mesmo na dor, sempre há de me libertar!