Minutus mundus
Todos os dias sou menos e ainda mais
Avesso logo anoiteço pra dormir o meu sonhar
Sincero, sem antes do meu expressar
Não abono maldade do mundo
Pele surda recobre consciência
Transpira sem ouvir o suor d´alma
Seco de lágrimas nos poros do deserto
Não tenho tempo para ser triste
Os amigos se foram e eu caminho só
Em companhia de minha sombra fiel
Que em mim deposita confiança
Na cega esperança
De ser a esperança mais do que o pó
Caminho farejando meus passos
Seguindo minha própria pista
Esses escombros soerguidos
Ocultam mas não despistam
Sabes bem do que falo
Desses ares sobejados
Disfarças não saberes
És feliz, és coitado
A morte não usa relógio
Nem tem hora marcada
Te trás a conta que pedistes
Não te lembras? É o pecado
Não o pecado comprado por quem se preenche de nada
Não há pecado no mal da ignorância
Há mal em maior proporção
No santo que deixou de ser são
O dia que me acabar
Serei mais um dia que me findou
Deixarei na noite um opúsculo
Traduzido para os doutores da lei
Na manhã a quem me for seguinte
Restará um sério desprazer
Ao saber que fui grande
Pois me vi minúsculo