A garganta e o mundo
primeiramente,
um olá se
ressente,
não se diz
para sempre
haverá algo,
um resmungo
preso entre
a garganta
e o mundo
um olhar
que se evita
à guisa
dum tris
imagino,
então,
corrimão
de arrimo
na subida
de infinitos
lances
de escadas
aceito,
decerto,
o aclive
avivamento
do árduo
mote ardil
ardências várias
incongruências
muitas
basta que viva,
basta que sofra
para saber-se
transitório
vazio
o auditório
enfermo
de silêncio
rechaça
o brinde
inócuo
que levanto
em meu
discurso
meu medo,
aos borbotões,
derrama-se
por sobre
o tablado
não tem plateia
não tem aplauso
nem vaia tem,
mas vai além
da quimera
quisera ter
a língua solta,
pouca vergonha
em mostrar
o rego
desassossego
vocalubar
de baixo
recato
de fato,
impressionaria mais
o mau trato
da linguagem
que a faustosa
carruagem
dos verbetes
superados
em tempo,
minha correção
dialética
requer
atualização,
justo, todavia,
senão
para sempre
haverá algo,
um resmungo
preso entre
a garganta
e o mundo