ANDARILHO LUMINESCENTE

Vago meu lume na escuridão da noite.

A claridade do dia me libeluliza, pita-me

Como fumo a queimar-se em fumaças.

As horas não reservam quem me acoite:

Duvido que alguma pessoa cita-me

Ainda que seja como alguém que passa.

E, no entanto, aroma de dama-da-noite ressoa

E repicares de sino noto pelo cheiro.

O corpo preso ao chão, mas a alma sempre voa

Sobre planaltos e planícies ,sem dinheiro .

Contenho a pira, fogo de pirilampo,

Afago as águas feito libélula,

Sou o fumo que se propaga sobre os campos,

Arco anjos, abarco fadas e auréolas.

Meu parco lume se perde nas trevas,

Mas sou exímio em tatear em cavernas;

A claridade do Sol talvez me rebusque

Ante o triste olhar obscuro com que me leva

Algum olhar avesso a rio, em prol de cisterna.

Porém, sou pirilampo, quem sabe luz maior me ofusque.

Dedico a Galileu Galilei.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 25/03/2020
Reeditado em 26/03/2020
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