ANDARILHO LUMINESCENTE
Vago meu lume na escuridão da noite.
A claridade do dia me libeluliza, pita-me
Como fumo a queimar-se em fumaças.
As horas não reservam quem me acoite:
Duvido que alguma pessoa cita-me
Ainda que seja como alguém que passa.
E, no entanto, aroma de dama-da-noite ressoa
E repicares de sino noto pelo cheiro.
O corpo preso ao chão, mas a alma sempre voa
Sobre planaltos e planícies ,sem dinheiro .
Contenho a pira, fogo de pirilampo,
Afago as águas feito libélula,
Sou o fumo que se propaga sobre os campos,
Arco anjos, abarco fadas e auréolas.
Meu parco lume se perde nas trevas,
Mas sou exímio em tatear em cavernas;
A claridade do Sol talvez me rebusque
Ante o triste olhar obscuro com que me leva
Algum olhar avesso a rio, em prol de cisterna.
Porém, sou pirilampo, quem sabe luz maior me ofusque.
Dedico a Galileu Galilei.