Na terra, o planeta
Eu vivo dentro de um tubarão
Navegantes covardes
Desejam meus dentes
Para abrir grades
Desejam meu vigor
Mas ele só serve nos mares
Em qualquer terra
Falta-me o ar
Não vivo sem particulas
Não vivo no seu particular
Sonho que joguem a rede
E se esforcem para conquistar minha força
Fortificando seus braços magros
Lançam apenas lançam
Quem dera fosse o perfume dela
Mas lançam
O metal que algum solitário afiou
pensando no quadro abstrato
Cheio da vida que jamais teria
Querendo meu sangue para dar cor
Querendo meu sangue
Misturado ao sal
Ao sol
Pendurado num cordão de naylon
No quintal cheio de mato
Pregos velhos enferrujados
Na brasa que suncumbi a surpresa
Morrendo como um tubarão
Voltando pé de cana
Sendo cortado com facão
Nas mãos de uma criança
Guiada por um ancião