Tubarão Pititinga

Vivo dentro de um tubarão

Navegantes covardes

Desejam meus dentes

Para abrir grades

Desejam meu vigor

Mas ele só serve nos mares

Em qualquer terra

Falta-me o ar

Não vivo sem particulas

Não vivo no seu particular

Sonho que joguem a rede

E se esforcem para conquistar minha força

Fortificando seus braços magros

Lançam apenas lançam

Quem dera fosse o perfume dela

Mas lançam

O metal que algum solitário afiou

pensando no quadro abstrato

Cheio da vida que jamais teria

Querendo meu sangue para dar cor

Querendo meu sangue

Misturado ao sal

Ao sol

Pendurado num cordão de naylon

No quintal cheio de mato

Pregos velhos enferrujados

Na brasa que suncumbi a surpresa

Morrendo como um tubarão

Voltando pé de cana

Sendo cortado com facão

Nas mãos de uma criança

Guiada por um ancião

Adriane Neves
Enviado por Adriane Neves em 22/02/2020
Reeditado em 22/02/2020
Código do texto: T6871634
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