Incertezas
É tudo muito incerto, até o revoar das andorinhas nas tardes quentes de verão mostra indecisão: elas vêm, vão, em nuvem ora prateada, ora enegrecida; sobem e descem; esquerda, direita e, por fim, mergulham nas árvores em algazarra.
No céu, ao sol poente, o dourado parece imperar e, de repente, nuvens negras cortadas por relâmpagos invadem o firmamento: virá chuva? Fará sol amanhã? Só Deus sabe.
Na terra as pessoas sorriem enquanto escondem uma lágrima teimosa que lhes tolda a visão. Encontros e desencontros, bem querer, mal querer em tanto querer ser, ter, sei lá.
Preces subindo como fumaça de incenso na mesma velocidade do pranto que rola sobre o leito adoecido.
Assim, deixo meu coração com as garças brancas que ao amanhecer cortam o céu em sol ou nublado para as praias desertas dos rios e voltam ao entardecer para o sono reparador nas árvores da mata perto de casa. Vê-las em seu ritual diário faz invadir a paz em meu ser.