uma ode ao nada.

Sou aquilo que sonhei,

mas nunca sonhei nada.

Sou tudo que tentei,

mas sempre desisti.

Ando todos os dias caminhando,

a passos largos

para lugar nenhum.

O que sou?

Minha casa?

Meus livros?

Minhas fotos?

aquilo que inutilmente dizem ser eu?

Tudo virou cinzas...

queimados pelo meu coração

deixado para trás

incinerado,

pisado

mutilado.

Talvez nunca amei..

ou tenha sido amado...

Talvez não tenha futuro,

nem presente ou passado!

Esperei!

Ah como esperei!

Mas você não passou pela janela!

Ah esperei!

Ah como esperei!

Em uma casa onde nunca houve portas!

Sou como icaro que tentou alcançar o Sol!

Um Sol que nunca existiu,

a chuva que nunca caiu,

o veneno que nunca tomei,

a poesia que sempre foi prosa!

Talvez não haja sentido,

e o sentido esteja em não haver.

E nessa eterna falta de sentido,

eu não vivo,

morro lentamente,

com pequenas injeções de lágrimas.

Ah verdade!

Onde estás?

Meus versos cantam melodias

que nunca compus

Meus versos cantam vidas

que nunca vivi.

Eu desisto

pois não há mais como desistir!

Eu cansei,

pois não há como ficar cansado.

Cansei!

Cansei de ser eu!

Mas de nada adianta,

pois tudo que fui..

era apenas uma mascara!

Uma alegria incansável

um sacrifício papalvel.

Um peso!

O mundo pesa em minhas costas!

Carrego a esperança de quem nada espera!

Carrego os sonhos de quem nunca sonhou!

No fim não resta nada

de tudo que restou.

Não sobrou nada,

daquilo que nunca houve.

Talvez,

apenas talvez,

o silencio me cative,

e as palavras se percam.

Mas nunca houve palavras,

e as palavras não ditas,

se tornaram eternamente,

minha máscara.

E esse poema?

Uma ode ao nada!

03/02/2020

RS Schindler (Renan Souza)