SONHOS
Sonhei com um céu de estrelas
como o que coloria as noites de minha infância,
mas me sobreveio uma chuva ácida
e corroeu minhas doces memórias.
Roguei pelo silêncio que restaura a alma,
mas uma avalanche de palavras amargas
azedaram-me os lábios e envenenaram meus nervos.
Vislumbrei um pequeno recanto tingido de verde
e um riacho de águas claras,
mas o pesadelo do deserto de sol inclemente
queimou toda planta e secou a fonte da vida sonhada.
Roguei por socorro ao sul, ao norte, ao leste e ao oeste,
tracei com o olhar uma rosa dos ventos no espaço,
mas ninguém viu ou ouviu porque somente
os meus olhos a viam.
De tanto olhar demais, ouvir demais, falar demais, cansei.
Preciso de férias, mas não férias comuns;
as férias necessárias são aquelas que tiramos de nós mesmos.
Preciso de férias de mim e de silêncio. Só.
O resto é sonho que, de tanto ser sonhado,
perdeu a validade entre as estrelas do firmamento.