Desencarcerado

Descativado

Apresenta-se desabrigado

No mundo

Acostumado com as grades

Como aproveitará os jardins?

As sombras?

A amarelinha riscada no asfalto?

Um coração cheio de querer realizar

Sorriso brando

A não justificar-se

Tornando-se uma faca pontiaguda

A perfurar a barriga faminta

do mundo

Desencarcerado atirando-se ao mar

Com passos miúdos e rápidos

Ensaia voos para passear com

Os pássaros

Com as mãos no joelho

Respira fundo e solta alto

O ar

O antes

O antigo futuro

A manhã, logo cedo veio te acordar

Servindo numa bandeja um passado

E serve-se descativado

Adriane Neves
Enviado por Adriane Neves em 29/12/2019
Reeditado em 06/01/2020
Código do texto: T6829421
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