SENTIR

Escrevo como o vento:

ora intempestivo, ora leve,

ora brisa suave, ora nada.

Escrevo como a chuva que cai feito tempestade,

Chuva branda, chuva garoa e estiagem.

Ora penso, ora sinto,

Pensar não é sentir e sentir não é pensar;

Penso e sinto como o mar e a praia,

que vivem se tocando,

mas não perdem sua identidade:

Ou se é mar ou se é praia.

Posso pensar que alguém é deveras amargo

e, ainda assim, sentir-lhe grande apreço.

Escrevo o meu pensar e o meu sentir

embora um nada a tenha a ver um com o outro.

O pensar é comum, é banal, é instantâneo;

O sentir é único, singular e duradouro.

Sinto a dor sem, contudo, pensá-la;

Penso a alegria sem, no entanto, senti-la.

Escrevo porque escrever é meu ser natural.

Se não escrevo também é o silenciar das palavras,

Não meu.

Não há como entender sem sentir,

E pouco importa o entendimento,

A mim basta o sentimento.

Suely Buosi
Enviado por Suely Buosi em 27/12/2019
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