Fúnebre terapeuta

A se tu soubesse que o céu escuro lê pensamentos'

Quantos profundos olhares negros da noite terias evitado?

Quantos confessos teria negado a esta sórdida espiã?

Teu coração apertado, a vista perdida no breu sem fim,

Como se fossem abismos onde tu jogaria para o fim teus temores.

Apesar disso,

É tão estranho o magnetismo que a madrugada soturna nos causa.

É tão inexplicável como a brisa sopra melhor da orfã da luminosidade.

E teus olhos cansados piscam para o além de lá...

Afinal, o que haveria de ter lá,

senão um aperitivo do nosso próprio fim?

À infindável noite é funebremente terapêutica,

Pois nos faz dormir eternamente, não importa quão terrível seja o raiar do dia.

Pois dormir é esquecer que o amanhã,

No fim...

Virá.