Narciso

Somos cegos!

Uns cegos sentimentais

Quando se ama não enxerga

Quando não se ama nada vê

Quando está eufórico

Não visualiza a realidade

Com os olhos inundados de tristeza

O que poderia ver?

Outrora a razão fala tão alto

Tampando as vistas

Ou tão baixinho

Tão miudinho que não se pode ver

De joelhos rezando pela sua fé

Ou aquilo que sua inteligência conseguiu entender

O que poderia ver?

Tão mirolho ao dar o nó da gravata

Ou com os olhos tão revirados para o alto

Ao ajustar os cabelos

Olhos cerrados ansiando

No horizonte vê a sua vez

Com bastante colírio

Para suportar onde não queria estar

Mergulhando os olhos

Na boca sedutora

Perdendo cada dia mais o grau

A postura diante do que enxerga como injustiça

O olho direito foi-se com o ponteiro das horas

O esquerdo olhando o mundo

Vesgos de tanto olhar a senha

Seguimos o instintos

Vamos nos batendo um nos outros

Esmurrando-nos

Chutando-nos

Satirizando o jeito de viver

Já que não enxergamos os nossos

E vamos seguindo cegos

Neste vasto universo

Boiando no oceano

Flutuando no ar

Procurando provar que estamos sim, a enxergar.

Adriane Neves
Enviado por Adriane Neves em 18/11/2019
Reeditado em 15/12/2019
Código do texto: T6797723
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