## MARCA ##

Pegadas contornam idas e vindas.

Águas frias do maramante.

Mergulho, agora contido, pelo baixar da temperatura.

Pés queimam na finareia sob sol a pino.

Cotidianamente se afasta de si mesma, cruzando-se, vez por outra, pelo quarto ou espelho, onde olhos, duplicados, cobram respostas.

Apenas sussurros cortam o sério silêncio.

Não há tempo para escuta. Não hoje, porque hoje urge o amanhã, onde quem sabe os risos possam quebrar o gesso imposto pelo desgosto dos desassossegantes dias.

Saber do findar antes de assistir ao mundo humano.

O poema acontece,

adoecendo ao amanhecer.

Gosto vencido, cheiro de podre, ares de oprimido.

Olha o retrovisor. Por trás dos carros, impacientemente enfileirados, o sol se deita. Um avião risca o sol ao meio. Seus olhos viajam.

Alguém buzina, manchando a tela, trazendo a prontidão.

Não há parada, nem próxima estação.

Taciana Valença

TACIANA VALENÇA
Enviado por TACIANA VALENÇA em 17/11/2019
Código do texto: T6797227
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