Menina Mulher

Difícil é difícil

E quem disse que seria fácil?

Brincando na rua, caminhando descalça

Tinha chuva e o castelo movia-se

Quem disse que não era sério?

Crescia e não era fácil estudar

Tinha o que menospreza a sua fé

E os que desdenhavam do seu cabelo

E quem disse que não tinha cajueiro?

Com os pés no ar sentia-se livre de tudo

Menina, leia-se

Lá você pode ser o que quiser

Quem disse que princesa não pode ser preta?

Quem disse que sapo não é o que é?

Nas águas dos rios e igarapés navega

Caminha, canta o ser e viver

Pra lá e pra cá

Ninando o menino

Que pra sempre vai amar

Filha de mãe bondosa que aprendeu a ser

Menina, mulher e até ex

Mãe de bem querer, sempre há de ser

Entre sorrisos e lágrimas

O vaso quebrado de barro é juntado

E o oleiro faz novo

Quem nunca preciso de pai e de irmãos?

Quem nunca se fez irmã que dá o abraço?

Que espera a mão ao encontro

Vive correndo atrás do impossível

Porque o possível é obvio e chato

O bom mesmo é escrever o desconhecido

É ler o não percebido

É fazer da profissão um risco

Para realizar sonhos coletivos

E quem disse que seria um elefante branco?

Experimente apaga-lo

Menina, mulher, mãe, filha, profissional, são tantas em uma

Não sugira que aceite o que não aprova

Nem que desista do que acredita

Em uma, são tantas

Que juntas são forte e frágeis

Pequenas e grandes

Ambiguidade de ser e existir

Mulher,perfume e batom

Cheiro e cor

Complementar contemplação de sí

Vestido e calça rasgada

Sandália de dedo e sapato vermelho de salto

Lágrimas e dor, sorriso no fim

Cante a canção de amor

Do amor que quiser

Ou da dor que senti

Quem disse que tem que ser assim?

Quem sabe quem terá final feliz?

O hoje é agora e quem disse que tem que escolher?

Tem tantos sabores, cores e perfumes para conhecer

Numerosos e distantes como as estrelas do céu

E quem disse que seria fácil?

É mesmo difícil, muito difícil ser mulher

Um desafio (im) perfeito

E quem disse que ela queria ser fácil?

E quem disse que esse é o fim ou o começo?

Guarda o lápis, recusa a caneta, apaga o que não gostou

Que bom que a escrita não é como a vida que o poeta não poetou

Se a vida fosse um poema

Ela escreveria com letras azuis o seu final feliz

Teria bondade, honestidade, respeito e solidariedade

Em gestos como arrumar a mesa e cultivar a flor

Você sente o bem querer nos cuidados?

Palavras o vento leva e se desfaz

Mas o laço em um abraço

Ou é o abraço que virou laço

Asas que são raízes profundas

Desdobrando-se em caridade, porque é isso que as mães fazem

E quando se aprende?

Gotas de amor, é menina brincando em dia de chuva

08 de Marco de 2019

04:23

Gil Couto
Enviado por Gil Couto em 12/11/2019
Reeditado em 12/11/2019
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