Face oculta
Diante de espelhos,
vermelhos sinais da hipocrisia.
A mentira exposta no olhar duvidoso,
na boca o esgar de um sorriso jocoso,
a voz quase rouca e o rosto em chamas.
No rubro temor que afasta os olhares,
a lembrança vadia daqueles lugares,
onde tantos encontros deitaram desejos,
desposou com ardor suas outras camas.
A ave que retorna sempre à gaiola,
a jarra quebrada, que dispensa a cola,
o enfeite desfeito no clarão da cegueira.
Para quem pensou que ela apenas fosse,
a volta distinta de quem pouco trouxe
é a face oculta da razão derradeira.