TANTO
Tanta casa sem gente
tanta gente sem casa
tanto coração doente
tanto frio sem uma brasa
Tanta criança sem família
tanta família sem criança
tanto sobrevivente jogando a toalha
tanto olhar perdendo a esperança
Tanto amado sem amor
tanto amor sem amado
tanta vida sem cor
tanto barulho calado
Tanta paz clamando guerra
tanta guerra matando a paz
tanto corpo caído na terra
tanta cova escrita aqui jaz
Tanta despedida sem um abraço
tanto abraço sem uma despedida
tanto cigarro num maço
tanta lágrima numa partida
tanto ar sem pulmão
tanto pulmão sem ar
tanto peito sem coração
e tanta relação sem uma troca de olhar
São tantos “tantos” que já não consigo contar
são tantos “tantos” que só me resta escrever
que alguns dos tantos me fazem desabar
mas tem aqueles que me fazem querer viver
É tanto “tanto” que não cabe no meu peito
tanto que me perco quando me deito
É tanto “tanto” que eu tento
tentando tanto do meu jeito
amenizar com palavras tanto sofrimento
afinal a vida é composta por esses tantos