*Imagem Google



NEM PÁSSARO E NEM ANJO
Ysolda Cabral


Somente porque deixa marcas,
O Tempo se acha.
Como se acha! 

O Vento, que não guarda segredos,
assume o posto do maior delator,
de todos os Tempos. 
E não é que ele gosta!

Já a Chuva, pesada ou leve, 
demorada ou breve, 
sem meio termo, 
logo resolve: É Vida ou Morte.

Já o Passado, o Presente e o Futuro,
subordinados a serviço do Tempo,
sonham apagar os pesadelos, 
e pegar os sonhos que fogem ligeiros. 

O Vento que a tudo assiste,
sorri e se diverte armazenando dados.
Depois de bem abastecido,
sai ventando para todos os lados. 

A Chuva, sentindo o calor dos ânimos,
deságua do Céu, por sobre a Terra,
e por sobre os sete Mares...
Sem quebrantos! 

Eu, andarilha por possuir pernas,
navegante por saber navegar, 
fico num canto e não saio, nem por decreto, 
Esperando ter asas para voar... 

Mas, como? Se não sou pássaro e nem anjo!
Não importa! Vou continuar esperando.
Quem sabe um dia eu não saia voando!... 

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Apenas Ysolda
Em reedição especial