Primavera Verão
A chegada do calor,
Vento repousando no mormaço,
Fica evidente o vapor,
O agridoce descaso.
É verão,
Quente como ferro,
Que forma em ilusão,
Me afia com esmero.
O tom e o toque,
O maior enfoque,
O futuro é só futuro,
Pelo presente que aturo.
Machucados podem ser invisíveis,
Mas ficam visíveis,
Mesmo que não enxerguemos,
Mas de tempo precisamos,
Pelo âmago,
Nos curarmos.
Me preocupo com toda entonação,
Continuadamente perdura o sertão,
Nessa seca vem a chuva,
Primavera Verão.
No jogo de céus,
Das nuvens formam réus,
Me faça culpado,
Eu preciso estar errado.
Fechei meus olhos por um momento,
Mas esse sentimento,
Como areia no cimento,
Eu me contento,
Contento como réu convento.
Sentido por um segundo,
Por ver meu próprio mundo,
Mergulhar em realidade de simpatia,
Sabendo que nada é utopia.
Me mantém,
Como jarro em tua prateleira,
Sou refém,
Da casa que me provém,
E espero absurdamente,
Por encontrar o chão,
Ser o mais gentil,
O ninguém.
Da primavera vem as folhas,
Que caem silenciosamente sem avisar,
Devemos sentir dor pelas encolhas,
Machucando sem sangrar.
Dói, faz calor,
Tempo chuvoso também é horror,
Espero desta primavera verão,
Tempo sem emoção,
Mas toda estação,
Provém de uma única ação,
Única reação,
Que proporcionou está criação.
Envolve teus braços maternos,
Entre vestidos e ternos,
Preocupa-me com invernos,
Pois não são eternos.
Julgo que fez tanto calor,
Pelo apimentado sabor,
Causa falta de labor,
Falta de algo.
Mas o mais preocupante,
A todo instante,
É a variedade de emoção,
Oh, Primavera Verão!
Mas convém,
Que o infinito e além,
A sombra tem,
Liquefaz que a chuva vem.
Nestas ondas propagantes,
Em gestos inconstantes,
As paredes de ditames,
Distância entre amantes.
Mas se houve propagação,
Alvora desta estação,
Só me resta abanar o rosto,
Para baixo, no encosto,
Deste menino moço,
Desta quente situação,
O agridoce Primavera Verão.