Alma de passarinho

Como inspirar-se com tanto barulho acontecendo?

A poesia dentro da alma aflorando e só anoitecendo,

Entre distúrbios incomodativos, e assim vou tecendo;

Implorando sossego, e o silêncio aqui se desfazendo.

Sussurrei ao amor, que me respondeu meio gemendo,

E os poemas antigos, gentilmente, foi aqui oferecendo;

Implorei concentração, mas o grito foi só aborrecendo,

Ah! Pobre desse meu coração, parece estar morrendo.

Pulsa quietinho, e alma de passarinho vai amanhecendo,

Se pousar no teu jardim, não se assuste, vou lhe dizendo;

Por vezes podam essas asas, mesmo machucada, aprendo,

Que poemas são linhas apaixonantes que vão nascendo.

(2015)