Longa e lenta madrugada

Um pensamento nunca está sozinho,

Como a gota na represa, ele vasa,

Ele arrasa as barreiras do moinho

Pelo véu de Morfeu trespassa.

É ridícula a sonífera canção

Para um coração aflito que é aliado

Do passado, da inútil precaução

Que é distante da ação inexorável.

Uma criança nasce chorando,

Chorando nossa vela se apaga.

No início de mãos dadas caminhanos,

Mas findamos sós nossa jornada.

Desta forma, descansar seria alegria

Se de dia esquecessemos da estrada.

Que feliz a noite de hoje ainda seria

Se passasse sem notar a madrugada.

Longa e lenta madrugada.