Sal
Fica sob o céu de fita, cassete gravado,
No antigo palacete todo manufaturado;
Finca as mãos na tinta e deixa borrado,
O papel com o sal da lágrima e do suor.
Trinca os dentes com raiva e o despudor,
É a criatura sem valor e o rir dela e para;
E o virar o rosto, virar a face, virar a cara,
Ter sede, beber mesmo uma água amara.
Comer fruta podre, do pé caída, passada,
No pão, em manhãs cinzas e de céu azul;
Estrelas em noite cheia, clara e enluarada,
Saber-se vestido, ainda que o coração, nu.