Língua Ferina
Corda que aos poucos enforca, desprezível és tu, língua.
Cobra com veneno traiçoeiro,
Difama, mente e causa desespero
Tem vontade própria, sob mentiras sufoca.
Com o poder de inserir vida adentro
E colocar pra fora sentimentos
Língua que enrola, se descontrola
Com seus tons ofende, confunde a gente.
Carrasco, de suas próprias leis é juiz.
Sua essência dúbia também consegue acalentar, lisonjear, seduzir
Com um arco-íris silábico encantar, ao erro ou acerto conduzir.
Lâmina de dois gumes que também sabe amar
Com ajuda dos lábios aos corações sorri
Em preces e orações a dor da alma sanar
Sob pecado, seu tormento ambiguo de existir.