Ascenção dos Pensamentos

No escuro, habito em silêncio,

Quero permanecer até onde puder,

Ouço o desespero, intacto

Absorvo qualquer emoção que vier.

É como perder o fôlego,

É como parar e perceber,

Ver coisas que nossos olhos,

Não querem ver.

O tom que se prossegue,

Descarta o sóbrio eu interior,

Sente o toque do déjà vu,

Elimina todo o meu fulgor.

Embebido das lábias dos sábios,

Dispo-me da falsa veracidade,

Conto à mim mesmo,

Um documentário da realidade.

Custa muito saber a verdade,

O quão perverso pode ser,

Cada pensamento obscuro,

Produz-se omitindo prazer.

Há entre a alma e o corpo,

Uma desconhecida ‘essência’,

Que me distingue e varia,

Enferrujo por clemência.

Às vezes acho que sou,

Tão bom que me torno mal,

E tão mal que me torno bom,

Talvez isso faz me parecer normal.

Sinto-me secundário,

Em minha própria história,

Perdido e Solitário.

Fluo pelo pensar mais rígido,

Acostumo a enxergar o que importa,

Sem que isso me torne um ordinário.

Trago dúvidas e dívidas,

Volto dois passos antes,

Avanço um passo à frente.

Descido do pensamento mais alto,

Alcanço suas pálpebras congeladas,

Esquento teu “coração de gente”.