Quem se importa se mais uma luz se apagar?
Nessa imensidão do existir
somos uma simples eventualidade
implorando por um significado para nos nutrir
vivendo nosso egoísmo como verdade
Trabalho diário a nos consumir
contas que nos devoram
a casa pra suprir
dúvidas que na mente afloram
A correria imposta pela sociedade
competição entre os iguais
andamos de antolhos pela cidade
por isso não vemos as coisas desiguais
Não escutamos os pedidos de ajuda
pois os salários gritam mais alto
a voz dos que sofrem, parece muda
seus corpos são invisíveis, caídos pelo asfalto
Nas pontes, almas sofridas
com tantos sonhos que poderiam voar
se lançam ao céu, daquilo decididas
e no chão, diversos futuros a desmanchar
Corpos amanhecem congelados no inverno
catástrofes irrelevantes que todos esquecerão
queria escrever suas vivências em meu caderno
poder espalhar ao mundo, eternizar cada visão
São tantas luzes espalhadas
vidas brilhando histórias
tantas pessoas tratadas como uns nadas
compostas de fracassos e glórias
E suas luzes começam a apagar
estrelas que vão perdendo aos poucos seu brilho
mas ninguém consegue isso enxergar
os antolhos só permitem ver o que está em nosso trilho
Quem percebe mais uma luz se encerrar?
Quando as ruas ainda permanecem iluminadas
quem se importa se mais uma luz se apagar?
Quando nossas rotas sequer são afetadas
bem, eu me importo