Quem se importa se mais uma luz se apagar?

Nessa imensidão do existir

somos uma simples eventualidade

implorando por um significado para nos nutrir

vivendo nosso egoísmo como verdade

Trabalho diário a nos consumir

contas que nos devoram

a casa pra suprir

dúvidas que na mente afloram

A correria imposta pela sociedade

competição entre os iguais

andamos de antolhos pela cidade

por isso não vemos as coisas desiguais

Não escutamos os pedidos de ajuda

pois os salários gritam mais alto

a voz dos que sofrem, parece muda

seus corpos são invisíveis, caídos pelo asfalto

Nas pontes, almas sofridas

com tantos sonhos que poderiam voar

se lançam ao céu, daquilo decididas

e no chão, diversos futuros a desmanchar

Corpos amanhecem congelados no inverno

catástrofes irrelevantes que todos esquecerão

queria escrever suas vivências em meu caderno

poder espalhar ao mundo, eternizar cada visão

São tantas luzes espalhadas

vidas brilhando histórias

tantas pessoas tratadas como uns nadas

compostas de fracassos e glórias

E suas luzes começam a apagar

estrelas que vão perdendo aos poucos seu brilho

mas ninguém consegue isso enxergar

os antolhos só permitem ver o que está em nosso trilho

Quem percebe mais uma luz se encerrar?

Quando as ruas ainda permanecem iluminadas

quem se importa se mais uma luz se apagar?

Quando nossas rotas sequer são afetadas

bem, eu me importo

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 09/08/2019
Reeditado em 02/04/2022
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