# Uma lágrima, um brinde ##

Às vezes sinto vontade de chorar.

Sim, uma enorme vontade de chorar.

Desabar num canto qualquer,

desses cantos que a mulher nem acha,

por ter que ser firme, ter que ser forte

e não gozar a manha de ser, apenas ser

de vez em quando, um tanto fraca.

Sim, às vezes eu tenho vontade de chorar,

desabar debaixo de um travesseiro,

e caso bebesse, sair à procura de um bar.

Um bar somente, sem gente,

só o copo, a bebida e um guardanapo.

Me faria de trapo, amanheceria na boemia

e, quem sabe, escreveria uma poesia.

Um poema cheio de vazios e dúvidas,

dedicado a mim mesma; sim, por que não?

Quantos poemas dediquei a mim?

Afogaria lágrimas num copo de cerveja

(ah se eu bebesse!),

espantaria a tristeza num poema molhado,

de amor, compaixão e repúdio a esse novo mundo.

(Taciana Valença)

TACIANA VALENÇA
Enviado por TACIANA VALENÇA em 08/08/2019
Código do texto: T6715434
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