O ciclo da vida
Escrevo na tentativa de ter um subterfúgio da minha própria realidade, ou melhor, escrevo para me tornar real. Tudo que me é vivo, notório e lúdico é necessário ser transcrito para assim ser o que de fato está destinado a ser. É como se ao colocar no papel tudo automaticamente se transmutasse e se tornasse vivo, assim existo. Preciso me tornar estrofe, caber na perfeição das entrelinhas, brincar de métrica e rima para tomar forma. Na construção da frase tenho meu nascimento, continuo minha evolução, lenta e persistente, me torno texto, alcanço o ápice da minha existência, ganho vida. No corpo da poesia me transformo em tudo que estou destinada a ser, transfigurada no seio de cada letra até chegar ao calido ponto que encerra toda minha criação, o ponto final.